terça-feira, 19 de abril de 2011

Alianças

 

A LENDA DAS ALIANÇAS

"Baseada em histórias contadas pelo povo, sem comprovação de sua autenticidade. Por isso trata-se de LENDA"

Num reino distante, numa época que não se sabe precisar, o rei anunciou o casamento de sua única e amada filha. Como não havia nenhum pretendente (e naquele tempo era comum o pai escolher o marido da filha), a princesa sugeriu que o homem que lhe desse o presente mais original, criativo, teria sua mão em casamento.
Todos os homens do Reino se animaram com a idéia. Já que ela não faria distinção entre nobres e plebeus, todos alimentaram a esperança de fazer parte da Família Real.
O prazo para a entrega dos presentes seria de um mês.
A notícia correu o Reino. E foi chegar numa província distante, onde vivia um solitário, jovem e belo ferreiro. Alguns anos antes, numa visita à capital, pôde ver a princesa saindo em seu coche. Aquela imagem nunca lhe saiu da cabeça. Ele amou a Princesa, mas jamais imaginou que sequer pudesse tocá-la. Até olhar tinha medo. Temia ser preso pelos guardas reais.
A partir da segunda semana alguns presentes começaram a chegar ao castelo. Eram fazendas dos mais nobres tecidos, bordados, todos muito lindos, de valor incalculável, mas nenhum deles tocava o coração da princesa.
No fim da segunda semana do prazo dado pelo Rei, o jovem ferreiro estava triste. Tinha a chance de tentar conquistar a princesa, mas, por ser pobre, o que poderia lhe oferecer? Havia tantos nobres no Reino que iriam chegar mais perto do coração. Olhava o céu estrelado quando pediu um sinal, uma luz. E ela veio na forma de uma estrela cadente. O ferreiro correu para sua casa.
A princesa estava desanimada. Tantos presentes, tanto luxo, tanto brilho, mas nada lhe seduzira. O Rei a consolava e pedia que tivesse paciência.
Uma semana depois, o ferreiro havia terminado seu trabalho. Simples, coube numa caixa que ele guardou no bolso da calça surrada. Preparou comida e cobertas, pois a viagem até o castelo levaria uma semana em sua charrete.
A princesa praticamente jogava a toalha. Faltava apenas um dia para o fim do prazo e nenhum pretendente havia dado o presente original. A semana tinha sido difícil. Chovera em praticamente todo o reino e isso atrasou e muito a viagem do jovem ferreiro. Mas ele conseguiu chegar faltando poucos minutos para acabar o prazo. Os guardas não queriam deixá-lo entrar, mas o Rei apareceu e ordenou que ele entrasse no castelo. Pega o singelo presente numa caixinha preta revestida de veludo e dirige-se ao aposento da filha. Algum tempo depois, Rei, Rainha e Princesa aproximam-se. O jovem ferreiro quase trava de tanta alegria ao ver a mulher de sua vida tão perto:

[Rei] Viemos conversar com o senhor, porque queremos saber o que é isso que o senhor presenteou minha filha.
[Ferreiro] Eu chamei isso de aliança.
[Rei] Por que duas? E por que a grande tem o nome da minha filha e a menor tem o seu nome?
[Ferreiro] Como disse, é aliança. O meu nome no adorno a ser usado por ela vai ficar em contato permanente com a pele dela. E o dela no meu, idem. Seremos “aliados” no amor, daí o nome “aliança”.
[Rei] O material é feito de ouro. Por que usaste o ouro?
[Ferreiro] Era uma pedra que eu tinha, minha mãe me deixou pouco antes de falecer. O ouro é o mais nobre dos metais, assim como o amor é o mais nobre dos sentimentos.
[Rei] Agora, qual o significado desses dois anéis?
[Ferreiro] Ele é o símbolo do amor. Olhe bem pra eles. Eles não tem começo, não tem meio, não tem fim. Ele apenas existe. É isso que importa: haver o amor mais sincero, verdadeiro, eterno. Simbolizar a vida dos dois, o amor que um sente pelo outro, os filhos que Deus confiar ao casal que tem esse amor no coração. Foi isso que eu quis presentear sua filha.


Um ano depois, a princesa e o jovem ferreiro tiveram o mais belo casamento que o Reino jamais havia visto. E o casamento dos dois durou mais de sessenta anos.
 

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